terça-feira, 27 de maio de 2014

Gente

Envelhece e cresce
Toda a vida que perece
Enquanto a alma apodrece
E a transitória carne arrefece,
Pois do espirito já se esquece.

Não evolui e não vive,
num desprazer sublime.
A alma, o corpo e o espirito carente
Foi esquecido pela gente.

Gente que já não sente
e que mente enquanto tende
sempre a correr ao que nos prende
E só nos deixa mais carente,
desumanos, indecentes,
insolentes, displicentemente moralmente
incompetentes sendo gente.

Mas isso nem sempre se faz presente:

Tem gente que inda sente
E que, embora mente,
Têm corpo e alma presente
e que, talvez por isso,
nos tratem como gente
Quando ninguém mais sente
E só mente
E acha que entende
Que melhores são as coisas do que a gente.

sábado, 24 de maio de 2014

fragmentos

"Fragmentos de instantes'', um após o outro
Em minha mente, a girar, sem parar.
O gim tragado deixa a dor mais distante
E a imagem dela me vem à tona
De novo, de novo...

Neste espaço cedido pelo tempo da burocracia me encontro preso.
Mas em breve eles virão...
Virão destruir de vez as lembranças minhas,
A infância minha.
O que, segundo eles, nunca foi meu.

Eles não me deram estudo, educação
Mas alcanço a sabedoria aos poucos
Enquanto me matam aos poucos.

Ah! Hoje quero sair, ir embora
Mas pra onde, se não tenho nada?
Apenas uma garrafa de gim e a roupa do corpo.
Levo o que será meu livro, minha história.

domingo, 11 de maio de 2014

Chuvaral - Para as Mães

Ela esvazia o varal do quintal
Antes que comece o chuvaral.
Parece que não se importa
já sabia que a chuva viria.

Bota balde aqui, bota acolá.
É poco balde e muito pingo
E poca telha pra chuvarada.

Meu semblante era de preocupação
O dela era a perfeição.
Perfeição esta que me tomou.

Tomou, tomou e a chuva cessou.

Chuvas torrenciais vieram
Eu já não me preocupava
Enquanto ela estiver comigo será isso.

Bota balde aqui, bota acolá.
É poco balde e muito pingo
E pouca telha pra chuvarada.

Meu semblante era de preocupação
O dela era a perfeição.
Perfeição esta que me tomou.

Tomou, tomou e a chuva cessou.

Chuvas torrenciais vieram
Eu já não me preocupava
Enquanto ela estiver comigo será isso,
será assim.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

(Pre)Sentimento

Sua presença sentimos
E repudiamos
Mas pouco tempo depois parece que aceitamos
em concordância racional.

Não sei se ela queria mais alguém
mas estava lá.
Alguém a chamou
ou chegou sozinha?
Não sei também,
mas estava lá.

Se não chamaram, chegou avisando.
Chegou pedindo ''licença'' apenas com os gestos...

Acho que ela já estava lá e fou eu quem cheguei
Sem pedir licença. Lá fiquei,
roubei o seu lugar
por um mínimo, mínimo momento.

Paciente, calada, surda, viva.
Olhou-nos fazer uma oração,
duas, três orações.

Cá estou e a perdi
Ficou lá ou saiu dali?
Sinto que agora sim
foi eu quem saí
e talvez ela tenha retomado a cena,
entrado no sonho
e tocado no ombro
dizendo ''licença, estou aqui'',
preparando-se para agir.

Aparentemente eramos figurantes.
Pelo que parece, ela não nos queria levar dali
naquele momento. Não ligou pros demais.
Eramos enfeites mil na estante
estáticos, cegos, mudos,
vendo um corpo só no quarto
Limitado apenas ao quarto.

O corpo em seu estado mais humano.

O corpo, o ser-humano, em seu estado
Mais Humano.

09 05 2014

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Traição (Lua)

A lua se recusa
a brilhar em sua janela.
Coitada, tão sentimental;
Inspira amantes, poetas
E poetas amantes.

Mas você, moça,
Deixou-a triste.
A lua se doeu por mim
Quando você me traiu.

O Sol também viu
você se pousando noutros braços,
amassando a minha poesia.

Peço que, pelo amor da santa,
o verso não me deixe.

Que a lua volte a brilhar pra moça
E faça com que ela se lembre
da minha poesia em seu bolso,
pois lerá a última,
a despedida
antecedentemente escrita,
imaginando um outro fim.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Poesias Inexplicáveis

Sim, poesias são inexplicáveis
E poetas são… raros.
Quiçá tu esteja lá
E eu aqui, adorando teus versos
E puxando assuntos literários
A cada vez que nos vemos.

Escrevo não só para mim,
mas para você, para sei la quem.

Escrever pra quem?
Pra quê?
Não sou poeta e se fosse,
não sei se eu iria saber.

14/02/14