sexta-feira, 25 de julho de 2014

Ela botará fim nisto

Veja a sua poesia morrer
e sua fala ser abafada
por vozes aleatórias.

Veja tudo queimar
e seus livros nunca,
jamais saírem de sua memória.

São livros lindos,
prontos,
que querem e almejam o papel,
pois lá chegarão a outros olhares,
outros corpos.

Veja, pela poesia, tudo isso cair
e você, com o seu olhar,
se perder para sempre sozinho.

Morra só e aos poucos,
Menos quando a poesia
te mostrar que poderia ser diferente.

Quando ela te levar a lugares únicos
e disser, sem errar,
que ali você não habita,
que lá
o seu olhar nunca chegará,
você enfim morrerá.

Ela botará fim nisto.

terça-feira, 8 de julho de 2014

(Des)limites da Poesia

A poesia brinca
e me mostra o limite.

Faz-me cair do abismo
que já me matou de vertigem.

Faz-me dar o melhor beijo
no lábio da moça mais bella,
incrivelmente bella.

Me pisa nas mãos
e deixa-me sem destreza
para tirar o sonhado timbre
que há muito perturba o violão.

Poesia me cola o estômago,
poesia segura todas as minhas acusações.
Poesia me mata, me distorce
e, principalmente, usa o meu olhar.

Poesia não erra
e nunca vai errar.

Poesia que alguns dizem e dirão que em mim não há.

A Vida No Verso

E se matassem minha obra?
O que seria se o último texto
fosse rasgado antes do ultimo verso ser escrito
E isso, como simbolismo artístico/poético,
significasse o fim?

Seria realmente o fim.

A poesia dá fim
aos assuntos,
aos apertos
- e nunca erra.

Sempre dá o fim pleno
e certeiro
para tudo,
absolutamente tudo.

Por que não poderia dar fim à vida?
Ela pode, claro.
Tem este aval,
assim como quando me selou
a alma e o olhar
que me deram a
inspiração e o texto.

Ela pode. A vida no verso,
fim no verso e, depois, na vida.
Ela tem este aval.
Seria o fim.