sábado, 28 de junho de 2014

Carta de Franklin - o burguês sentimental - para a sua amada esposa, na Europa

São Paulo, 28 de Junho de 2014

Querida,
eu ando xingando muito por aqui.
Solto um palavrão a cada minuto
e minha úlcera cresce.
Durante os jogos da copa desligo a TV
mas queria estar lá, para vaiar tudo e todos.

Vou do apartamento ao trabalho e do trabalho ao apartamento,
mas queria encontrar estrangeiros
e contar que o Brasil é uma merda,
principalmente com os Petralhas fodendo tudo.

Mando cartas pois me vigiam na internet,
com essa coisa de Marco Civil.
Aqui os jovens já nascem maus
e sujos, roubando e matando cada vez mais,
mas não se preocupe,
logo vão botá-los todos na cadeia
e, tenho fé, colocarão os mais hediondos no corredor da morte.

Querida, o meu emprego anda um saco
Mas minha promoção está chegando.
Guardarei uma grana, venderei a Nissan
e me mandarei pra aí.
Não aguento mais tudo isso.

Mal educados, imundos, violentos.
Só tende a piorar e afundar cada vez mais.
Vou-me embora daqui logo
Mas antes terei tempo de não votar na Dilma,
aquela vadia pistoluda.

Mandarei cartas novamente.

Com muito amor, Franklin.

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