quinta-feira, 28 de abril de 2016

Peito com Dois Amores

Ah! Peito com dois amores
é peito jovem.
Cheio de cores,
Nunca sofreu.

Mas inda espera aí
Deixe estar
Peito com dois amores
Logo, logo vai deixar de sonhar

A trama já dá nó,
a tristeza é sem final.
E o final da trama é forjada
pelo nó que o peito deu.

Peito passa a ser pequeno
Quase todo só do nó
Não cabe nem um terço

quem dirá um amor só.

quarta-feira, 10 de junho de 2015

Visão

O mundo nomeei Árvore
Apelidei sua raiz de natureza.
Aos galhos dei o nome de Arte
e nós nos encaixamos nas folhas.

Percebo: os galhos elevam algumas folhas
a altos lugares, além da altura do tronco.
São nos galhos em que cantam os passarinhos

e o fruto se sustenta até chegar seu tempo de partir.

segunda-feira, 20 de outubro de 2014

Dia do Poeta

Quem dirá que a mim pertence
este vinte de de outubro?
Quem me felicitará?

Não sei o que é poeta
ou o que me faria poeta,
mas parece que escrever não basta.

As vezes vejo poesia
no que vejo, escrevo e digo
- nesta ordem!

As vezes vejo poesia nisso tudo,
então acredito ser um poeta obnubilado
com medo de dizer ''sou poeta'' e cometer um pecado.

Por isso não sei
se este dia cabe à mim.
Quem me lê pode dizer
ou guardar pra si
- melhor deixarmos assim!

sexta-feira, 25 de julho de 2014

Ela botará fim nisto

Veja a sua poesia morrer
e sua fala ser abafada
por vozes aleatórias.

Veja tudo queimar
e seus livros nunca,
jamais saírem de sua memória.

São livros lindos,
prontos,
que querem e almejam o papel,
pois lá chegarão a outros olhares,
outros corpos.

Veja, pela poesia, tudo isso cair
e você, com o seu olhar,
se perder para sempre sozinho.

Morra só e aos poucos,
Menos quando a poesia
te mostrar que poderia ser diferente.

Quando ela te levar a lugares únicos
e disser, sem errar,
que ali você não habita,
que lá
o seu olhar nunca chegará,
você enfim morrerá.

Ela botará fim nisto.

terça-feira, 8 de julho de 2014

(Des)limites da Poesia

A poesia brinca
e me mostra o limite.

Faz-me cair do abismo
que já me matou de vertigem.

Faz-me dar o melhor beijo
no lábio da moça mais bella,
incrivelmente bella.

Me pisa nas mãos
e deixa-me sem destreza
para tirar o sonhado timbre
que há muito perturba o violão.

Poesia me cola o estômago,
poesia segura todas as minhas acusações.
Poesia me mata, me distorce
e, principalmente, usa o meu olhar.

Poesia não erra
e nunca vai errar.

Poesia que alguns dizem e dirão que em mim não há.

A Vida No Verso

E se matassem minha obra?
O que seria se o último texto
fosse rasgado antes do ultimo verso ser escrito
E isso, como simbolismo artístico/poético,
significasse o fim?

Seria realmente o fim.

A poesia dá fim
aos assuntos,
aos apertos
- e nunca erra.

Sempre dá o fim pleno
e certeiro
para tudo,
absolutamente tudo.

Por que não poderia dar fim à vida?
Ela pode, claro.
Tem este aval,
assim como quando me selou
a alma e o olhar
que me deram a
inspiração e o texto.

Ela pode. A vida no verso,
fim no verso e, depois, na vida.
Ela tem este aval.
Seria o fim.

sábado, 28 de junho de 2014

Carta de Franklin - o burguês sentimental - para a sua amada esposa, na Europa

São Paulo, 28 de Junho de 2014

Querida,
eu ando xingando muito por aqui.
Solto um palavrão a cada minuto
e minha úlcera cresce.
Durante os jogos da copa desligo a TV
mas queria estar lá, para vaiar tudo e todos.

Vou do apartamento ao trabalho e do trabalho ao apartamento,
mas queria encontrar estrangeiros
e contar que o Brasil é uma merda,
principalmente com os Petralhas fodendo tudo.

Mando cartas pois me vigiam na internet,
com essa coisa de Marco Civil.
Aqui os jovens já nascem maus
e sujos, roubando e matando cada vez mais,
mas não se preocupe,
logo vão botá-los todos na cadeia
e, tenho fé, colocarão os mais hediondos no corredor da morte.

Querida, o meu emprego anda um saco
Mas minha promoção está chegando.
Guardarei uma grana, venderei a Nissan
e me mandarei pra aí.
Não aguento mais tudo isso.

Mal educados, imundos, violentos.
Só tende a piorar e afundar cada vez mais.
Vou-me embora daqui logo
Mas antes terei tempo de não votar na Dilma,
aquela vadia pistoluda.

Mandarei cartas novamente.

Com muito amor, Franklin.